Contador de Xeretagem

Contador de Xeretagem CONTADOR

sábado, 24 de outubro de 2009

Para que nunca mais se repita !!


"RESISTÊNCIA ATRÁS DAS GRADES"

Atualizado em 22 de outubro de 2009 às 21:08 | Publicado em 22 de outubro de 2009 às 11:16
Resist____capa.jpgLargo General Osório, 66, bairro da Luz, São Paulo. Para quem viveu à época da ditadura militar a simples menção do endereço causava arrepios. Aí, sob o comando do sanguinário delegado Luís Paranhos Fleury, funcionava o antigo Departamento de Ordem Política Social (DEOPS). Hoje, sedia o Memorial da Resistência.
Neste sábado, 24 de outubro, Maurice Politi retorna lá não mais como preso político, mas para lançar o livro “Resistência atrás das grades”, publicado pela parceria Plena Editorial e Núcleo da Memória.
Resist__ncia___Maurice_Jvem_MauricePolitiG.jpg
Natural no Egito, filho de judeus fugidos da intolerância do Oriente Médio, Politi era então um estudante de 21 anos e integrava a Ação Libertadora Nacional (ALN). Encarcerado durante quatro anos, passou por oito presídios e ocupou 27 diferentes celas. Em 1975, foi expulso do Brasil por ter sido considerado apátrida. Foi para Israel, voltou em 1980, após a Lei da Anistia, quando lhe devolveram a nacionalidade brasileira.  Na seqüência, ficou 20 anos fora do Brasil mas motivos profissionais. Viveu no Peru, México, Quênia e Argentina. Voltou em 2004, aposentou-se em 2007 e deu início à pesquisa que resultou em “Resistência atrás das grades”.
Resist__ncia_Maurice___hoje.jpg
“Naqueles dias, que não podem e não devem ser esquecidos, os carcereiros podiam mais que os juízes. E magistrados houve que, por má fé ou na tentativa de anestesiarem a consciência, diziam, alto e bom som, em pública audiência, que toda polícia, de qualquer parte do mundo, tortura e a brasileira não podia fugir à tradição”, rememora no prefácio o advogado Mário Simas, militante na área de Direitos Humanos e defensor de vários presos políticos, entre os quais Politi. “Ao reclamar das condições carcerárias a que estavam submetidos na penitenciária de Presidente Wenceslau, seu diretor, sem tergiversar, disse-me: doutor, não insista em suas queixas e pare de reivindicar, porque daqui à fronteira de Mato Grosso é um passo e muita coisa pode acontecer aos seus clientes.”
DIÁRIO DA GREVE DE FOME DE 33 DIAS
“Resistência atrás das grades” contém um diário escrito por ocasião da greve de fome feita em São Paulo por um grupo de presos políticos em 1972. Foi a forma que encontraram de resistir aos planos das autoridades da época de dividir os presos políticos em pequenos grupos e levá-los para diversas cadeias do Estado.
A greve teve duas fases. A primeira durou cinco dias: de 12 a 17 de maio na capital. Participaram 34 homens e 13 mulheres no Presídio Tiradentes, na Casa de Detenção e Penitenciária do Carandiru, na capital. A segunda pouca gente conhece. Foi de 9 de junho a 11 de julho – 33 dias! – nas penitenciárias do Carandiru e de Presidente Wenceslau, no interior do estado, e 32 homens tomaram parte. Um deles, Politi; havia sido transferido de São Paulo para Presidente Wenceslau com mais cinco presos políticos, entre os quais três frades dominicanos Betto, Ivo e Fernando. O diário foi escrito lá. A greve fracassou.
Resist__ncia_CELA1.jpg
Trinta e sete anos depois, “Resistência atrás das grades” resgata e transcreve na íntegra esse diário. Documentos importantíssimos, nunca divulgados, compõem a obra. Ela revela também, pela primeira vez, o papel de um grupo de religiosos – o Grupo das Sextas-feiras – nas discussões internas da Igreja naquela época.
O posfácio é do publicitário Manoel Cyrillo de Oliveira Netto, também da ALN e preso político de1969 a1979: “‘Resistência atrás das grades’ mostra que não só era possível, na prisão, a continuidade da luta através do aprimoramento individual como também através da manutenção da mobilização contra as injustiças praticadas dentro e ao redor das celas. Dando voz aos grevistas, e sendo ele próprio um deles, Politi deixa claro em seu relato o quanto era insustentável a tal política de ‘evitar o confronto’. Ou seja, ao coletivo dos presos cabia, sim, resistir, apenas sabendo obviamente que ‘a prisão mudava as condições da luta’".

Nenhum comentário:

Postar um comentário